Beyond the Ice Palace 2 transforma um clássico esquecido em ouro
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Para aqueles que viveram os tempos das fitas cassete e dos monitores CRT pesados como um elefante bebê, Beyond the Ice Palace pode parecer um nome vagamente familiar. O jogo original, lançado nos anos 80, nunca foi um sucesso estrondoso e tampouco uma pérola perdida que merecia redescoberta. Seu legado se resumia a uma experiência difícil, um protagonista anônimo de botas verde-limão e uma tela de vitória decepcionante que apenas estampava um seco “WELL DONE YOU HAVE VANQUISHED EVIL FROM THE LAND”.
Agora, décadas depois, surge Beyond the Ice Palace 2, uma sequência que, em vez de se apoiar na nostalgia barata, reimagina e resgata o potencial que o primeiro título apenas insinuava. O resultado? Um jogo que finalmente entrega a experiência de fantasia sombria e desafiadora que os jogadores dos anos 80 apenas imaginavam estar jogando.
Mais do que um simples jogo de plataforma
Diferente de um tradicional jogo de ação 2D linear, Beyond the Ice Palace 2 expande a jogabilidade com um mapa cheio de caminhos secretos e áreas ocultas, incentivando a exploração. Não chega a ser um metroidvania, pois evita o labirinto de corredores intermináveis, mas definitivamente recompensa jogadores curiosos.
Esconderijos guardam tesouros, portas são abertas por interruptores temporizados e o jogo permite revisitar áreas com a ajuda de teletransportadores estratégicos. A estrutura mantém o espírito do original, mas com camadas adicionais que fazem cada descoberta parecer valiosa e instigante.
Um mundo cruel e tangível
A ambientação do jogo é um dos pontos altos. O cenário agora reflete a brutalidade que antes só era sentida na jogabilidade punitiva. Ossos espalhados pelo chão, cadáveres suspensos em forcas abandonadas e figuras macabras povoam um mundo sombrio, onde a morte espreita a cada esquina.
As interações com o ambiente trazem uma fisicalidade marcante: portas não se abrem educadamente, mas são arrancadas das dobradiças. Criaturas mortas devem ser esmagadas para garantir que não voltem à vida. Escudos inimigos podem ser quebrados, máscaras arrancadas para expor vulnerabilidades. Cada confronto transmite um impacto real, transformando o combate em algo visceral e satisfatório.
Plataformas e combate intensos
O combate mantém a essência do original, mas agora o jogador tem mais controle sobre seu destino. Inimigos ainda surgem de todos os lados, mas os recursos para enfrentá-los também evoluíram. O herói maneja correntes que servem tanto para ataque quanto para defesa, destruindo projéteis e atingindo pontos fracos de chefes.
A movimentação ganhou novas possibilidades: ganchos permitem agarrar superfícies, plataformas exigem saltos precisos e armadilhas impiedosas testam a habilidade do jogador. A sensação de impotência do jogo original foi substituída por um desafio justo, onde o domínio dos controles e do cenário dita o ritmo da aventura.
Uma sequência que respeita o passado, mas olha para o futuro
O que torna Beyond the Ice Palace 2 tão especial é que ele não tenta apenas recriar um jogo dos anos 80 com gráficos melhores. Diferente de muitas tentativas de reviver franquias antigas, ele não se apoia em mecânicas datadas para passar uma falsa autenticidade “retrô”.
A desenvolvedora analisou cuidadosamente o que poderia ter funcionado no primeiro jogo e, em vez de simplesmente repetir erros do passado, trouxe essas ideias à vida de forma moderna e envolvente. O resultado é um jogo que funciona tanto para quem nunca ouviu falar do original quanto para os poucos que ainda se lembram dele.
Beyond the Ice Palace 2 prova que algumas ideias precisam apenas de tempo e um novo olhar para brilharem. A única dúvida que resta agora é: será que teremos que esperar mais 37 anos para ver a próxima continuação?
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Eu sou o Rafael, também conhecido como Peleh. Já vi de tudo no mundo dos games, por isso sou eu quem cuida das notícias e análises de games aqui no Steamaníacos!