Review de BrokenLore: DON’T WATCH, um terror psicológico íntimo e devastador

Broken Lore

A sensação de claustrofobia é a primeira coisa que te acerta em BrokenLore: DON’T WATCH. Neste terror psicológico desenvolvido pela Serafini Productions e publicado em parceria com a Shochiku, você não tem onde correr. Jogando como Shinji, um hikikomori japonês recluso, a ação se passa inteiramente dentro de seu pequeno apartamento em Tóquio — um espaço que rapidamente se transforma em palco de horrores profundos e pessoais.

O isolamento não é só um pano de fundo aqui: é a essência do jogo. A medida que o tempo passa, fica claro que os demônios de Shinji são tanto internos quanto externos. A linha entre realidade e ilusão se dissolve, criando uma experiência angustiante que mexe diretamente com as emoções do jogador.

Atmosfera sufocante e design minimalista

O que BrokenLore: DON’T WATCH faz de forma brilhante é construir uma atmosfera opressora com poucos elementos. Os ambientes são minimalistas, mas cada detalhe — do ruído abafado do trânsito ao brilho frio do monitor do computador — colabora para reforçar o senso de solidão.

Os elementos de terror sobrenatural surgem de forma orgânica, quase sem aviso. Sinais visuais sutis, sombras que se movem, objetos que mudam de lugar… cada evento estranho é um lembrete de que, nesse apartamento, você nunca está realmente sozinho.

Com gráficos realistas e uma paleta de cores desbotadas, o jogo transmite uma sensação de abandono e decadência que vai se intensificando a cada nova revelação.

Narrativa filosófica e emocional

Diferente de muitos jogos de terror que apostam apenas em sustos fáceis, BrokenLore: DON’T WATCH mergulha fundo em temas existenciais: isolamento social, culpa, medo da insignificância e perda de identidade. A narrativa é pesada, mas nunca gratuita — tudo é tratado com sensibilidade, dando profundidade real aos tormentos de Shinji.

A forma como o enredo é entregue também merece destaque. O jogo evita longas exposições ou cutscenes invasivas, preferindo contar sua história através de pistas ambientais, fragmentos de diários e mudanças sutis no comportamento do apartamento.

Essa abordagem permite que o jogador monte o quebra-cabeça da história no seu próprio ritmo, o que reforça ainda mais a sensação de descoberta pessoal (e terror íntimo).

Mecânicas de jogo: simples, mas eficientes

BrokenLore: DON’T WATCH é essencialmente um jogo de exploração e investigação em primeira pessoa. As ações disponíveis são limitadas — vasculhar o ambiente, ler documentos, interagir com objetos específicos — mas essa simplicidade é totalmente intencional.

O foco aqui não está em vencer monstros ou escapar de armadilhas, mas sim em sobreviver psicologicamente. Pequenas decisões — como assistir ou não a certos vídeos misteriosos — podem alterar o rumo da história e até influenciar o próprio estado mental de Shinji.

Esse aspecto lembra bastante jogos como Silent Hill ou Soma, onde a sobrevivência é menos sobre habilidade e mais sobre resistência emocional.

Terror sem jumpscares baratos

É importante destacar: BrokenLore: DON’T WATCH é assustador, mas não é dependente de jumpscares. O horror é construído lentamente, através da tensão crescente e da sensação de que algo está fundamentalmente errado.

Quando momentos realmente aterrorizantes acontecem — e eles acontecem — eles são impactantes exatamente porque o jogo não os banaliza. A espera, a tensão e a antecipação são as verdadeiras armas do jogo, e funcionam muito bem.

Curto, mas inesquecível

Em termos de duração, DON’T WATCH pode ser concluído em cerca de 4 a 6 horas, dependendo do seu ritmo de exploração. Para alguns, isso pode parecer pouco, mas a verdade é que a experiência é tão intensa e concentrada que dificilmente alguém vai sentir falta de “mais conteúdo”.

Ao invés de se alongar desnecessariamente, o jogo opta por entregar uma jornada concisa e poderosa — e nesse formato, acerta em cheio.

Conclusão: uma pérola para fãs de terror psicológico

BrokenLore: DON’T WATCH não é para todo mundo. Ele exige paciência, atenção aos detalhes e disposição para mergulhar em temas emocionalmente pesados. Mas para quem busca um terror psicológico inteligente, atmosférico e extremamente bem construído, é uma experiência indispensável.

Com uma ambientação impecável, narrativa densa e mecânicas minimalistas mas eficientes, DON’T WATCH se estabelece como uma das melhores surpresas do gênero em 2025.

Se você gosta de jogos que mexem mais com a sua cabeça do que com seus reflexos, prepare-se: em BrokenLore, o verdadeiro terror não está nas sombras, mas dentro de você.

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