Conheça Zarya: jogo que mistura off-road soviético com narrativa existencialista
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Zarya não se encaixa em categorias comuns. À primeira vista, ele parece só mais um jogo de off-road com veículos soviéticos, algo entre SnowRunner e Mudrunner. Mas basta assistir alguns segundos do trailer ou ler a descrição na página do Steam para perceber: esse jogo tem outra pegada.
O protagonista, Vasily, vive numa vila esquecida em meio ao nada. Dirigir velharias soviéticas por estradas destruídas é só parte da rotina. Entre uma entrega e outra, ele pesca, grelha carne com os amigos e cumpre pequenos favores para os moradores locais. Simples, certo? Só que Zarya transforma essa simplicidade em atmosfera. E que atmosfera.
Uma vida solitária e significativa
Tudo em Zarya comunica uma certa melancolia. Não uma tristeza depressiva, mas aquele sentimento agridoce de viver num lugar parado no tempo, onde cada gesto é carregado de um peso quase ritualístico. Acender o carvão, manobrar o caminhão por trilhas inexistentes, ouvir o motor engasgar — tudo é lento, e isso não é um problema. É o ponto.
Vasily não está salvando o mundo, não está enfrentando monstros. Ele está tentando viver. E o jogo te convida a participar disso, mergulhando na rotina como se ela mesma fosse o centro da narrativa.
O charme da decadência
Zarya abraça o estereótipo do leste europeu com um carinho raro. Carros caindo aos pedaços, vielas esburacadas, mercados desabastecidos e personagens com nomes como Petrovich ou Ivanovna. Mas tudo isso vem sem ironia ou caricatura — há um respeito pelos detalhes que torna o cenário convincente e quase familiar.
Os desenvolvedores da SBSR parecem entender bem o lugar que estão retratando. A nostalgia, o abandono, o frio e a poeira — tudo compõe uma paleta de sentimentos que só ganha força com o visual realista e levemente saturado do jogo.

A narrativa está nas entrelinhas
Até agora, o foco está no tom e na ambientação. A história, pelo que se sabe, é menos sobre eventos grandiosos e mais sobre momentos pequenos: ajudar um vizinho, entregar uma encomenda, consertar um trator antigo.
É nesse cotidiano que a alma do jogo se revela. Assim como Disco Elysium tratava temas profundos por meio de conversas banais, Zarya parece disposto a fazer o mesmo, mas com churrascos improvisados e rodas de caminhão atoladas.
O peso das decisões (e dos eixos)
Ainda não se sabe exatamente como o sistema de escolhas funcionará, mas a promessa é de interação com os moradores e missões com múltiplas formas de solução. O trailer mostra um Vasily que também erra, que atola, que caminha ao entardecer carregando uma sacola vazia. Ele não é herói, é humano.
Mesmo a parte de direção, que à primeira vista poderia ser só mecânica, carrega peso simbólico. Fazer o caminhão andar por trilhas inexistentes é, em essência, uma metáfora: cada deslocamento é uma vitória sobre o abandono, uma insistência em continuar apesar das dificuldades.

Ainda sem data, mas com muito potencial
Zarya está listado no Steam há mais de um ano, e recentemente ganhou um novo trailer de gameplay. Ainda assim, o jogo continua envolto em mistério. O último update do estúdio foi em setembro de 2024, informando que estavam coletando inscrições para o playtest, mas sem previsão de envio de convites.
Mesmo assim, o interesse cresce. A proposta é diferente, o visual chama atenção, e a combinação de mecânicas com narrativa atmosférica faz de Zarya uma das promessas mais intrigantes entre os indies para os próximos meses.
Se você curte jogos lentos, imersivos, e que exploram os aspectos mais mundanos da vida com profundidade inesperada, pode anotar: Zarya tem tudo para se tornar um daqueles títulos cult adorados por quem busca mais do que apenas gameplay.
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