Revenge of the Savage Planet entrega a melhor experiência cooperativa do ano
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No espaço profundo, onde corporações exploram planetas com a mesma frieza com que demitem funcionários, o inesperado acontece: você, um trabalhador descartável, é cuspido em um novo mundo cheio de criaturas bizarras, vegetação exuberante e uma quantidade absurda de gosma colorida. É nesse ambiente caótico que começa Revenge of the Savage Planet, sequência do cultuado Journey to the Savage Planet de 2020.
Mas engana-se quem espera uma continuação sóbria ou tradicional. Aqui, tudo é exagerado: o humor, os desafios, o design dos planetas e, principalmente, a maneira como você interage com esse ecossistema fora de controle. O jogo chega com novos planetas, perspectiva em terceira pessoa, mais possibilidades no co-op e um tom ainda mais irreverente. Se você está pronto para cair em armadilhas feitas com lava, ser traído por seu parceiro de equipe e rir disso tudo, este é o lugar certo.
Quatro planetas, mil possibilidades (e armadilhas)
Logo nos primeiros minutos, é impossível ignorar o jeito escrachado com que seu personagem caminha. Abandonado por uma corporação intergaláctica logo após o pouso, você deveria estar desolado. Mas não. A animação é exagerada, quase debochada. E isso já te dá uma pista do que vem por aí: esse jogo não se leva a sério — e essa é a melhor coisa sobre ele.
Diferente do original de 2020, que concentrava tudo em um só planeta, aqui você tem quatro mundos pra explorar. Cada um com suas próprias bizarrices, criaturas esquisitas e desafios ambientais. Não tem espaço vazio à toa. Os mapas são bem pensados, com caminhos verticais, segredos e obstáculos que pedem upgrades específicos. E tudo isso sem precisar de loading entre as áreas, o que mantém o ritmo sempre alto.

O goo é rei
Se tem algo que domina o jogo, além da zoeira, é o goo — uma substância pegajosa, colorida e com efeitos variados. Tem goo que escorrega, que explode, que incendeia. Tem criatura que exala goo naturalmente, e tem outras que viram poças nojentas depois que você acaba com elas. E adivinha só? Dá pra usar isso tudo contra seu amigo no co-op.
Não é só mais um jogo com modo cooperativo. Aqui, a interação entre jogadores é o coração da diversão. Montar armadilhas de goo e ver seu parceiro escorregar direto numa poça de lava é mais gratificante do que qualquer boss derrotado. É o tipo de caos controlado que lembra os melhores momentos de Divinity: Original Sin — só que mais sujo, mais rápido e muito mais engraçado.
Mais que um metroidvania com piadas
Apesar do tom cômico e dos momentos de improviso, Revenge of the Savage Planet entrega uma estrutura sólida de metroidvania. O ritmo de progressão é bem calibrado, os upgrades realmente mudam a forma como você interage com o mundo e a sensação de desbloquear uma nova habilidade e lembrar de um caminho que agora está acessível continua empolgante.
Você vai escanear plantas, bichos e artefatos alienígenas, e sempre vem uma descrição que arranca pelo menos um sorriso. Tudo aqui parece ter sido criado com carinho — ou sarcasmo. E isso vale até para os vídeos que aparecem no seu trailer espacial, enviados por chefes corporativos que parecem tirados de um comercial bizarro dos anos 80.

Co-op brilha, solo tropeça
Jogando com um amigo, o jogo se transforma. Dá pra dividir tarefas, explorar em direções diferentes e se encontrar depois pra planejar a próxima zoeira. É quase como um improviso cômico digital, onde o objetivo não é só completar a missão, mas fazer isso do jeito mais absurdo possível.
Mas se a ideia for jogar sozinho, o encanto perde um pouco de força. A estrutura aberta, pensada para dois, deixa algumas áreas parecendo grandes demais. O jogo não fica ruim, longe disso. Ainda é divertido, cheio de surpresas e com uma jogabilidade afiada. Só não tem o mesmo ritmo maluco e criativo que rola com alguém do lado.
Ferramentas, upgrades e pura diversão
Aqui, tudo que você usa é divertido. Desde o gancho que te joga por penhascos até o canhão de goo que altera o ambiente. Não tem grind exagerado pra evoluir o equipamento, e cada upgrade muda de fato o que você pode fazer no mundo.
Mais do que números subindo, o que empolga é perceber que agora dá pra alcançar aquela área que antes era impossível. Ou que aquela planta esquisita agora serve pra lançar você como um foguete. A progressão te incentiva a fuçar, a testar, a experimentar. E isso é essencial em um jogo que se vende como sandbox de comédia absurda.

Para quem é esse jogo?
Se você curte ficção científica debochada, se divertiu com o primeiro Savage Planet ou está procurando um jogo cooperativo com personalidade própria, pode mergulhar sem medo. Ele não tenta competir com jogos de sobrevivência profundos, nem entrega mundos gerados aleatoriamente sem alma. Aqui, cada detalhe tem propósito — mesmo que esse propósito seja te fazer rir quando seu amigo pisa no lugar errado.
Por outro lado, se sua expectativa for uma experiência solo densa e cheia de craft detalhado, pode sair frustrado. O foco é outro. É explorar, rir, improvisar. Não existe sistema de passe de batalha, nem incentivos artificiais pra te manter jogando. O jogo aposta todas as fichas na diversão orgânica — e acerta em cheio.
No fim, Revenge of the Savage Planet é o tipo de jogo que entende que videogame também pode ser bagunça criativa, sem perder a qualidade. É uma experiência pensada para te surpreender o tempo todo. E se você tiver com quem dividir essa jornada, melhor ainda: prepare-se pra rir, se vingar e, claro, escorregar em muito goo colorido.
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Eu sou o Rafael, também conhecido como Peleh. Já vi de tudo no mundo dos games, por isso sou eu quem cuida das notícias e análises de games aqui no Steamaníacos!