Review de Approaching Infinity: profundidade infinita após 12 anos de criação

Approaching Infinity não nasceu de uma grande equipe, nem foi empurrado por uma campanha de marketing milionária. Ele é o resultado de 12 anos de trabalho apaixonado de um desenvolvedor obcecado em recriar o espaço como uma experiência imprevisível, punitiva e viciante. O resultado? Um roguelike espacial que, apesar do visual simples, entrega um dos sistemas mais complexos e envolventes que o gênero já viu.

Logo nas primeiras jogadas, você percebe que está diante de algo especial. Não há início fixo, não há caminho certo. Cada partida é moldada por decisões suas: a direção que sua nave segue, os planetas que você explora, os acordos que fecha ou quebra. Se há uma constante em Approaching Infinity, ela é o caos.

Estilo retrô que esconde uma alma profunda

É impossível falar de Approaching Infinity sem mencionar sua estética. Ele abraça o visual dos jogos ASCII e das primeiras interfaces gráficas dos anos 90 — e faz isso com orgulho. Pode parecer intimidador no início, especialmente para quem está acostumado com gráficos modernos, mas essa escolha estilística não é apenas charme nostálgico: ela serve a um propósito.

Com o visual minimalista, o jogo ganha fluidez, agilidade e foco total na jogabilidade. Não há distrações visuais, e cada elemento na tela carrega significado. Em poucos minutos, você aprende a “ler” o mapa com olhos de explorador: ícones e cores substituem texturas, e logo você estará enxergando estações espaciais, buracos negros e planetas com clareza impressionante.

Liberdade real para explorar e decidir

Ao contrário de muitos jogos que se dizem sandbox, Approaching Infinity entrega liberdade genuína. Você pode ser um comerciante pacífico, um pirata implacável, um explorador curioso ou um diplomata intergaláctico. Quer minerar asteroides, coletar artefatos alienígenas, explorar civilizações extintas ou iniciar guerras interestelares? Tudo é possível — e incentivado.

A cada nova galáxia gerada proceduralmente, surgem desafios únicos, planetas com atmosferas distintas, raças com línguas e costumes próprios e eventos inesperados. Em uma jogada, você pode ser recebido como salvador de uma raça milenar. Na outra, será caçado como inimigo universal.

Combate tático e progressão gratificante

O combate em Approaching Infinity é por turnos e acontece tanto no espaço quanto em planetas. A profundidade aqui é surpreendente. Há múltiplas armas, escudos, tecnologias e manobras para dominar. E mais importante: cada engajamento tem peso real. Um erro na abordagem ou uma leitura errada do comportamento de um inimigo pode acabar com sua jornada.

Felizmente, o jogo tem um sistema de progressão justo. Mesmo após derrotas, você aprende algo novo. Itens desbloqueados, habilidades descobertas e decisões experimentadas servem de base para tentativas futuras. Isso mantém a vontade de recomeçar sempre viva — a essência de um bom roguelike.

Um mundo vivo, cheio de histórias emergentes

Se há um aspecto que realmente eleva Approaching Infinity acima da média é sua capacidade de gerar histórias. Não roteiros pré-determinados, mas narrativas emergentes que surgem do caos controlado do universo. Você se vê cercado por raças alienígenas com culturas próprias, interesses conflitantes e dilemas éticos que vão muito além de “atacar ou fugir”.

Em um momento, você pode estar negociando uma aliança. No seguinte, fugindo de uma emboscada provocada por ter aceitado um contrato de contrabando com os inimigos deles. Esses momentos não são scriptados — são frutos do sistema de jogo. E é aí que mora a mágica.

Interface rica, mas desafiadora

Com tanta informação, o jogo naturalmente exige paciência para dominar sua interface. São muitas opções, janelas, comandos e dados para absorver. Mas tudo ali tem função. O esforço inicial para aprender vale a pena, porque a recompensa vem em forma de controle total.

O jogo também oferece um manual detalhado, tutoriais escritos e uma comunidade engajada que ajuda bastante. É o tipo de experiência que te desafia a entender, e depois te recompensa com liberdade para criar suas próprias estratégias e caminhos.

Um feito técnico e humano

Do ponto de vista técnico, é admirável o que foi feito com tão poucos recursos. Approaching Infinity é estável, bem otimizado e repleto de conteúdo. Mas o que mais impressiona é o cuidado em cada sistema, o equilíbrio entre liberdade e desafio e o respeito à inteligência do jogador.

Essa dedicação é reflexo de um processo de desenvolvimento longo, refinado e feito com paixão. Não há atalhos, não há exageros. Há consistência, profundidade e uma entrega rara nos tempos atuais.

Conclusão: um épico silencioso que merece ser descoberto

Approaching Infinity é um daqueles jogos que não gritam por atenção. Ele te chama baixinho, mas quando você atende, não consegue mais sair. É bruto, complexo, implacável — e absolutamente envolvente.

Se você curte roguelikes, exploração espacial e jogos que colocam suas escolhas no centro da experiência, prepare-se para mergulhar fundo. Com 12 anos de lapidação, Approaching Infinity não é apenas um bom jogo. É uma obra-prima escondida nas estrelas, esperando por exploradores corajosos o suficiente para descobri-la.