Ao considerar se Dungeons of Hinterberg se encaixa na categoria de jogos aconchegantes, encontramos um campo interessante de debate. Com sua estética de desenho animado e enigmas em ambientes pitorescos, o jogo oferece uma escapada visualmente serena. No entanto, os temas abordados e as interações dentro do jogo revelam uma complexidade que vai além do que normalmente esperamos de um jogo definido como aconchegante.

A protagonista, Luisa, passa suas noites fazendo amizades, comprando e explorando a vila de Hinterberg, típicas atividades relaxantes. Contudo, o estúdio Microbird, por meio de seu cofundador Philipp Seifried, destaca que o jogo vai além da simplicidade de personagens unidimensionais comuns em jogos do gênero. Personagens como Gertrude, a viúva rica que vê com desdém as mudanças em Hinterberg, e Thea, a adolescente local de atitude inicialmente hostil, introduzem uma dinâmica de interação mais realista e menos idealizada.

O jogo também aborda questões contemporâneas relevantes, como o impacto do turismo desregulado, exemplificado pela afluência de turistas atraídos pelos calabouços místicos da região. Regina Reisinger, outra cofundadora da Microbird, comenta sobre como a vida de pessoas comuns, como professores, pode ser afetada negativamente pela presença massiva de turistas.

Dungeons of Hinterberg desafia a noção de que um jogo para ser aconchegante deve simplificar ou romantizar o trabalho e a vida cotidiana. Ao integrar inconveniências e desafios na narrativa da “férias” de Luisa, o jogo proporciona uma experiência que questiona e expande a definição de jogos aconchegantes, oferecendo uma narrativa rica e uma jogabilidade que tanto provoca reflexão quanto oferece momentos de respiro e relaxamento.

Com uma mistura hábil de temas e uma execução visual encantadora, Dungeons of Hinterberg propõe uma abordagem inovadora ao gênero de RPG de ação, convidando os jogadores a repensar o que torna um jogo verdadeiramente aconchegante e acolhedor.