Nobody Wants to Die: Uma experiência cyberpunk aquém das expectativas

Cena de Nobody Wants to Die

Nobody Wants to Die, o mais recente jogo de aventura em primeira pessoa ambientado num futuro cyberpunk noir, chega ao mercado com grandes promessas, mas falha em cumpri-las. Desenvolvido com a tecnologia Unreal Engine, o jogo apresenta visuais impressionantes, mas infelizmente não consegue sustentar uma experiência envolvente ao longo de suas seis horas estimadas de gameplay.

O jogo começa com elementos narrativos já desgastados, como alucinações com a esposa falecida do protagonista e clichês visuais típicos de jogos de tiro em primeira pessoa da era Xbox 360. Essa abordagem datada estabelece um tom que permeia toda a experiência, deixando uma sensação de oportunidade perdida.

A premissa do jogo gira em torno de uma sociedade futurista onde a imortalidade é alcançada através da transferência de consciência entre corpos. Embora a ideia seja intrigante, a execução deixa a desejar. O jogo não explora de maneira satisfatória as implicações dessa tecnologia na sociedade, desperdiçando o potencial para comentários sociais mais profundos e reflexões filosóficas.

Os personagens carecem de carisma e profundidade. O protagonista, um detetive de 120 anos, não transmite a complexidade que se esperaria de alguém com tanta experiência de vida. Os diálogos são frequentemente forçados e pouco naturais, falhando em criar conexões emocionais com o jogador.

As mecânicas de investigação, elemento central do gameplay, tornam-se rapidamente repetitivas e tediosas. O dispositivo que permite retroceder no tempo para analisar cenas de crime, embora tenha potencial, é implementado de forma fragmentada e pouco fluida. As investigações se assemelham às sequências de “braindance” de Cyberpunk 2077, mas sem a variedade necessária para sustentar um jogo inteiro.

Apesar dos problemas, Nobody Wants to Die apresenta alguns pontos positivos. Os cenários são ricamente detalhados, recompensando a exploração com itens interativos não relacionados à trama principal. O jogo também demonstra uma impressionante reatividade em algumas escolhas do jogador, com diálogos e opções se adaptando conforme as ações tomadas.

No aspecto técnico, o jogo é visualmente impressionante, fazendo bom uso do Unreal Engine. Com configurações médias, o jogo mantém uma taxa de quadros estável de 60 fps em uma RTX 3070, oferecendo ambientes detalhados e poucos engasgos perceptíveis.

Contudo, esses pontos positivos não são suficientes para salvar a experiência geral. As mecânicas de investigação tornam-se um fardo, e a narrativa falha em manter o interesse do jogador. A mistura de elementos noir com cyberpunk, que poderia ser fascinante, acaba por não se destacar em nenhum dos dois aspectos.

Nobody Wants to Die parece ser um caso de ambição mal direcionada. O jogo tenta abordar temas complexos como imortalidade, política e corrupção, mas acaba se perdendo em clichês e uma narrativa confusa. O resultado é uma experiência que se assemelha mais a uma longa sequência introdutória de um jogo maior do que a uma aventura completa e satisfatória.

Para os fãs do gênero cyberpunk e de jogos de investigação, existem opções melhores no mercado que oferecem experiências mais refinadas e envolventes. Embora Nobody Wants to Die tenha seus momentos, é difícil recomendá-lo considerando seu preço e a qualidade geral da experiência oferecida.

No final, Nobody Wants to Die serve como um lembrete de que belos gráficos e uma premissa interessante não são suficientes para criar um jogo memorável. É necessário um equilíbrio entre narrativa, gameplay e atmosfera para realmente cativar os jogadores e deixar uma marca duradoura no cenário dos jogos independentes.