Polêmica: Empresa oferece raio-X de boosters de Pokémon e Magic

Arte com uma caixa de Boosters do TCG de Pokemon

O mundo dos jogos de cartas colecionáveis está em alvoroço com o surgimento de uma nova tecnologia que promete mudar as regras do jogo. A empresa Industrial Inspection & Consulting (II&C) anunciou recentemente que está oferecendo serviços de escaneamento por tomografia computadorizada (CT) para examinar o conteúdo de boosters lacrados de jogos como Pokémon e Magic: The Gathering.

Esta inovação levanta questões importantes sobre o futuro do colecionismo de cartas e o valor dos boosters não abertos. Tradicionalmente, parte do apelo e do valor de um booster lacrado está na incerteza do seu conteúdo. Um pacote fechado da primeira edição de Pokémon, por exemplo, pode valer mais de R$ 10.000, em grande parte devido à possibilidade de conter uma carta Charizard rara.

A II&C, uma empresa especializada em serviços de inspeção industrial, adaptou sua tecnologia de CT para criar imagens 3D detalhadas do interior dos boosters. Inicialmente, a empresa realizou um estudo de caso com cartas de Pokémon, conseguindo identificar com sucesso uma carta Hypno da primeira edição do set Fossil. O vídeo demonstrando essa capacidade, publicado pelo YouTuber okJLUV, gerou um aumento explosivo no tráfego do site da II&C, com um pico de mais de 17.000%.

Em resposta à alta demanda, a II&C anunciou que oferecerá serviços de escaneamento de cartas por CT, começando em R$ 375 por pacote. A empresa afirma ter trabalhado para desenvolver um método confiável e acessível para o escaneamento, tornando a tecnologia disponível para colecionadores, investidores e lojas de cartas.

A reação da comunidade de colecionadores tem sido mista. Enquanto alguns veem a tecnologia como uma ferramenta para combater fraudes e nivelar o campo de jogo entre colecionadores e golpistas, outros expressam preocupações sobre o impacto no valor dos boosters lacrados. Um comentário no YouTube chegou a chamar o serviço de “nojento” e uma “traição ao hobby”.

A II&C, por sua vez, defende sua posição, argumentando que a tecnologia já existe e que oferecer o serviço de forma acessível e transparente é a melhor maneira de evitar que seja explorada por atores mal-intencionados. “Não podemos colocar a pasta de dente de volta no tubo. A única direção para nós é seguir em frente, porque se não oferecermos isso agora, outra empresa oferecerá mais tarde”, afirmou a empresa.

O debate levanta questões fascinantes sobre a natureza do colecionismo e o papel da tecnologia nesse hobby. Por um lado, a capacidade de verificar o conteúdo de um booster pode ajudar a prevenir fraudes e garantir a autenticidade das cartas. Por outro, remove parte do mistério e da emoção associados à abertura de um pacote novo.

Além disso, a tecnologia poderia potencialmente alterar a dinâmica do mercado de cartas raras. Se os vendedores puderem verificar o conteúdo dos boosters antes de vendê-los, isso poderia levar a uma escassez artificial de cartas valiosas e a um aumento nos preços das cartas individuais, enquanto os boosters “comuns” perderiam valor.

A indústria de jogos de cartas colecionáveis, que movimenta bilhões de dólares anualmente, terá que se adaptar a essa nova realidade. É possível que vejamos mudanças nas políticas de fabricantes como a Wizards of the Coast (produtora de Magic: The Gathering) e a Nintendo (responsável por Pokémon) em resposta a essa tecnologia.

À medida que o debate continua, fica claro que o mundo do colecionismo de cartas está entrando em um território inexplorado. A tecnologia de escaneamento CT pode ser apenas o começo de uma série de inovações que desafiarão as noções tradicionais de valor e autenticidade no hobby. Seja qual for o resultado, uma coisa é certa: o futuro do colecionismo de cartas promete ser tão imprevisível e emocionante quanto abrir um booster pack.

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