Análise: Enotria – The Last Song traz belos cenários, mas gameplay frustrante

Enotria: The Last Song

Os últimos anos têm sido promissores para os fãs de soulslikes. Títulos como Lies of P e Black Myth Wukong provaram que é possível expandir as fronteiras do gênero, introduzindo ideias inovadoras e transportando jogadores para cenários e atmosferas completamente inéditas. É exatamente essa capacidade de adaptar uma fórmula familiar a novas mitologias e ambientações que torna esse gênero tão fascinante.

Nesse contexto, Enotria: The Last Song surge como uma proposta intrigante. Desenvolvido pela Jyamma Games, o jogo promete mergulhar os jogadores no rico folclore italiano, oferecendo uma experiência soulslike em um cenário mediterrâneo ensolarado. A premissa é tentadora, especialmente para quem busca algo diferente dos ambientes sombrios típicos do gênero.

Ao iniciar a jornada em Enotria, é impossível não se impressionar com a beleza visual do jogo. Os cenários são deslumbrantes, repletos de praias paradisíacas e vilas rústicas que capturam perfeitamente a essência da Itália. As máscaras e fantasias de carnaval que o protagonista, conhecido como o Sem Máscara, pode equipar são ricamente detalhadas e adicionam uma camada extra de imersão no folclore local.

A diversidade de ambientes é outro ponto alto. A transição do cenário inicial para ruínas greco-romanas e o confronto com conquistadores armados de canhões no segundo ato do jogo demonstram a ambição dos desenvolvedores em criar um mundo variado e surpreendente. Os chefes principais de cada região também se destacam pelo design temático e visualmente impactante.

Entretanto, a empolgação inicial com os visuais logo dá lugar à frustração quando se trata da jogabilidade. Enotria falha em oferecer a fluidez de combate que é marca registrada dos melhores títulos do gênero. O sistema de batalha é excessivamente centrado em aparar golpes, lembrando vagamente Sekiro, mas sem a mesma precisão e satisfação.

A maioria dos confrontos se resume a ficar parado em frente ao inimigo, aparando seus ataques repetitivamente até preencher uma barra de atordoamento. Isso se torna especialmente problemático ao usar armas mais pesadas, como alabardas ou espadas ultra-grandes, que são praticamente inúteis contra a maioria dos oponentes devido à sua lentidão.

O sistema de elementos do jogo, que lembra vagamente Pokémon, também não funciona bem. Ser forçado a equipar armas com elementos específicos para causar dano adequado aos inimigos limita a liberdade de criação de builds, um aspecto fundamental da experiência soulslike.

A complexidade dos sistemas de jogo também é um problema. Enotria bombardeia o jogador com mecânicas logo no início – sistema de nivelamento, árvore de habilidades passivas, aspectos similares às Grandes Runas de Elden Ring e o sistema de máscaras. Essa sobrecarga de informações, combinada com a falta de orientação prática, torna a curva de aprendizado desnecessariamente íngreme.

As linhas de máscara, que deveriam ser o diferencial do jogo, acabam sendo mais um motivo de frustração. O tempo de carga longo e a facilidade com que o jogador pode ser interrompido durante o uso tornam essas habilidades mais um risco do que um recurso útil em combate.

É evidente que Enotria: The Last Song é um projeto ambicioso e apaixonado, especialmente em termos de direção de arte e ambientação. No entanto, as falhas na jogabilidade comprometem severamente a experiência. O jogo parece carecer do polimento e do feedback de jogadores que um período de acesso antecipado poderia ter proporcionado.

Para os entusiastas do folclore italiano ou aqueles que priorizam a estética sobre a mecânica, Enotria pode oferecer algumas horas de diversão. Contudo, para os fãs hardcore de soulslikes em busca de um desafio equilibrado e satisfatório, o jogo deixa muito a desejar. Com alguns ajustes na balança de armas, melhorias nas linhas de máscara e refinamentos no sistema de combate, Enotria poderia se tornar algo muito mais especial.

No fim das contas, Enotria: The Last Song é um lembrete de que, no mundo dos soulslikes, a beleza visual por si só não é suficiente. A fluidez do combate, a sensação de domínio progressivo das mecânicas e a liberdade de experimentação são elementos cruciais que, infelizmente, estão ausentes nesta aventura italiana.

Por Leo "Blade"

Sou o Leo, geralmente jogo com o nick blade95. Sou apaixonado por jogos de FPS e amo montar PC Gamer! Aqui no Steamaníacos cuido de tudo sobre Hardware, review, preview, testes e novidades para o nosso mundo gamer!

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