No universo dos jogos indies, raramente surge uma joia tão cativante quanto Copycat, a mais recente criação da Spoonful of Wonder. Lançado em 20 de setembro, este título narrativo se destaca ao mergulhar profundamente em temas universais como pertencimento, família e abandono, tudo através dos olhos de uma protagonista felina inesquecível.

No coração desta narrativa envolvente está Dawn, uma gata de abrigo com um espírito indomável. Sua jornada começa com uma relutância palpável em se conectar com humanos, reflexo de experiências passadas que a deixaram cautelosa. No entanto, o destino intervém quando ela é adotada por Olive, uma senhora australiana cuja solidão ecoa a da própria Dawn.

A relação entre Dawn e Olive se desenvolve de maneira orgânica e tocante. O jogo habilmente retrata como duas almas feridas podem encontrar conforto uma na outra, criando um vínculo que transcende as barreiras entre espécies. Esta dinâmica oferece momentos de ternura que certamente ressoarão com qualquer um que já tenha experimentado o amor incondicional de um animal de estimação.

A narrativa toma um rumo inesperado quando Olive adoece e um “copycat” – literalmente – usurpa o lugar de Dawn. Este ponto de virada lança nossa heroína felina em uma odisseia pelos subúrbios, explorando becos, cercas e telhados. É nesta jornada que o jogo realmente brilha, permitindo que os jogadores experimentem o mundo através dos sentidos aguçados de um gato.

A Spoonful of Wonder demonstrou uma sensibilidade notável ao abordar temas complexos como abandono e perda. A narrativa nunca cai no melodrama, mas mantém um equilíbrio delicado entre momentos de leveza – típicos das travessuras felinas – e reflexões profundas sobre o significado de lar e família.

Visualmente, Copycat é um deleite. Os cenários são ricamente detalhados, capturando tanto a aconchegante domesticidade do lar de Olive quanto a vastidão às vezes assustadora do mundo exterior. A paleta de cores vibrante contrasta efetivamente com os temas mais sombrios do jogo, criando uma experiência visualmente cativante que complementa perfeitamente a narrativa.

A dublagem em inglês merece destaque especial. O elenco de vozes traz vida e nuance aos personagens, especialmente na representação das emoções complexas de Dawn. Para o público brasileiro, a localização completa, incluindo legendas e menus em português, garante uma imersão total na história sem barreiras linguísticas.

A trilha sonora original de Daniel Bunting é outro ponto alto, entrelaçando-se perfeitamente com a narrativa para intensificar os momentos emocionais e acentuar a atmosfera de cada cena. As composições variam de melancólicas a esperançosas, refletindo a jornada emocional de Dawn.

É importante notar que Copycat não se esquiva de temas delicados. O jogo aborda traumas familiares e questões emocionais profundas, o que pode ressoar intensamente com alguns jogadores. A desenvolvedora demonstrou responsabilidade ao incluir avisos de conteúdo e encorajar os jogadores a buscarem apoio se necessário.

Copycat não é apenas um jogo sobre gatos; é uma exploração profunda e comovente sobre o que significa pertencer. Ele desafia as expectativas do que um jogo com protagonista felino pode ser, oferecendo uma experiência que é simultaneamente encantadora e reflexiva. Para os amantes de narrativas emotivas e aqueles que apreciam jogos que vão além do entretenimento superficial, Copycat é uma adição imprescindível à lista de desejos.

Ao final desta jornada virtual, os jogadores provavelmente se encontrarão abraçando seus próprios animais de estimação um pouco mais apertado, com um novo apreço pelas complexidades emocionais que nossos companheiros felinos podem esconder por trás de seus olhos enigmáticos. Copycat não é apenas um jogo; é uma celebração do vínculo entre humanos e animais, e um lembrete poderoso de que família e lar são o que fazemos deles.