Keylocker Mistura Cyberpunk e Música em uma Experiência Inconsistente

Keylocker | Turn Based Cyberpunk Action

No vasto universo dos jogos, Keylocker surge como uma proposta audaciosa: um RPG musical cyberpunk ambientado em Saturno. À primeira vista, o conceito é eletrizante – uma sociedade distópica onde a música é proibida e uma protagonista rebelde luta contra a opressão com acordes poderosos. No entanto, assim como uma guitarra mal afinada, o jogo falha em entregar uma performance impecável.

O cenário de Keylocker é memorável. Saturno, governado por Satélites tirânicos, mantém sua população sob rígido controle, privando-os até mesmo da capacidade de produzir Eletricidade. Nossa heroína, Bobo, uma musicista clandestina, se vê na posição ideal para desafiar o status quo. Seu objetivo? Libertar os djinns aprisionados em Keylockers espalhados por Soundwave City, restaurando a música e derrubando o regime fascista.

Visualmente, o jogo é um espetáculo. O estilo artístico vibrante e os sprites carismáticos capturam perfeitamente a essência de um mundo cyberpunk colorido e rebelde. A narrativa, temperada com humor irreverente e diálogos bem escritos, cria uma atmosfera envolvente que faz o jogador querer explorar mais deste universo único.

Infelizmente, é na jogabilidade que Keylocker desafina. O sistema de combate, núcleo da experiência, promete uma mistura inovadora de mecânicas por turnos com elementos rítmicos. Na prática, porém, essa fusão resulta em batalhas repetitivas e frequentemente frustrantes. A necessidade de equilibrar Pontos de Vida e Pontos de Eletricidade adiciona uma camada estratégica, mas a execução deixa a desejar.

Os controles exigem uma precisão quase sobre-humana, com janelas de tempo tão estreitas que mesmo jogadores experientes se verão repetindo encontros básicos múltiplas vezes. Essa imprecisão transforma o que deveria ser uma experiência fluida e musical em uma série de tentativas e erros irritantes.

A estrutura do jogo também sofre de problemas de ritmo. Áreas superlotadas de inimigos idênticos tornam a exploração um exercício de paciência, especialmente com os onipresentes Clérigos e seus drones de vigilância. O que poderia ser uma representação interessante da opressão do estado se transforma em um obstáculo à diversão do jogador.

Os sistemas de progressão e customização de Keylocker são tão complexos quanto confusos. A árvore de habilidades e o inventário são inundados de informações, mas carecem de clareza sobre seu impacto real na gameplay. Essa sobrecarga de dados contrasta drasticamente com a escassez de informações úteis em outras áreas, como o rastreamento de missões.

Paradoxalmente, enquanto o jogo nos bombardeia com estatísticas obscuras, ele falha em fornecer acesso a informações cruciais da narrativa após sua apresentação inicial. Personagens importantes e elementos da trama se perdem no éter digital, sem um sistema de registro adequado para consultas posteriores.

Não obstante, Keylocker tem seus momentos de brilho. As batalhas contra chefes oferecem desafios estratégicos refrescantes, e os minigames ocasionais, como o clone de Guitar Hero, proporcionam uma pausa bem-vinda na rotina. Além disso, sob a camada de humor despreocupado, o jogo toca em temas mais profundos, como o relacionamento entre Bobo e seu irmão Dealer, adicionando nuances emocionais à narrativa.

É evidente o cuidado e o entusiasmo investidos na criação do universo de Keylocker. A visão artística é coerente e cativante, e o conceito geral tem potencial para ser verdadeiramente inovador. No entanto, a execução técnica e as escolhas de design impedem que o jogo atinja sua plenitude.

Ao final da jornada, é impossível não simpatizar com o espírito anárquico de Bobo. Assim como ela luta contra um sistema opressor que não faz sentido, os jogadores se verão batalhando contra mecânicas e sistemas que parecem trabalhar contra a diversão. Há, sem dúvida, um jogo melhor lutando para se libertar das amarras de Keylocker, assim como há uma sociedade melhor esperando para emergir em Saturno.

Para os entusiastas de RPGs dispostos a enfrentar suas imperfeições, Keylocker oferece uma experiência única e visualmente deslumbrante. No entanto, para aqueles que buscam uma jogabilidade fluida e sistemas bem integrados, este concerto cyberpunk pode soar mais como uma cacofonia do que uma sinfonia revolucionária.

Por Ana "Mochi"

Oi, eu sou a Ana, mas pode me chamar de Mochi! Adoro jogar games de fazendinha e exploração, pois amo descobrir todos os segredos desses jogos. Até por isso, sou a responsável por fazer os guias aqui do Steamaníacos! Vou te ajudar a descobrir segredos e passar obstáculos de vários jogos!

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