Vampire: The Masquerade – Reckoning of New York Falha em Manter Padrão da Série

Vampire: The Masquerade - Reckoning of New York

O universo sombrio e sedutor de Vampire: The Masquerade sempre exerceu um fascínio particular sobre os fãs de RPG e narrativas góticas. A trilogia de visual novels ambientada em New York, desenvolvida pela Draw Distance, prometia capturar a essência desse mundo repleto de intrigas vampíricas e horror urbano. No entanto, com o lançamento de Reckoning of New York, o capítulo final desta série, parece que a magia que encantou os jogadores nos títulos anteriores começou a se dissipar.

Reckoning of New York chega com a difícil tarefa de concluir uma trilogia que começou de forma promissora com Coteries of New York e atingiu seu ápice com Shadows of New York. Este último, em particular, conquistou uma base de fãs devotos, incluindo críticos que elogiaram sua capacidade de capturar a verdadeira essência do World of Darkness, o cenário que serve de pano de fundo para Vampire: The Masquerade.

A expectativa era alta para ver como a Draw Distance encerraria sua incursão no submundo vampírico de New York. Infelizmente, as primeiras impressões de Reckoning of New York sugerem que o estúdio pode ter tropeçado na reta final.

Um dos pontos mais criticados do jogo é sua nova protagonista, Kali, uma Ravnos. Onde Julia, a protagonista de Shadows of New York, era uma personagem complexa e relatable, Kali é descrita como “insuportável” por alguns jogadores. Seu diálogo, repleto de piadas fora de contexto e referências pop constantes, muitas vezes quebra a atmosfera sombria e opressiva que era uma marca registrada dos jogos anteriores.

Esta mudança de tom é particularmente problemática para uma franquia que se baseia fortemente em criar uma atmosfera de horror e desconforto. O World of Darkness é conhecido por suas narrativas que exploram temas de poder, corrupção e a perda da humanidade. Quando a protagonista trata situações potencialmente aterrorizantes com sarcasmo excessivo, muito do impacto emocional da história se perde.

A escrita, de modo geral, parece ter sofrido um declínio em qualidade. Os diálogos são descritos como mais desajeitados, com mais prosa roxa e linhas que parecem artificiais. Embora esses problemas não sejam completamente novos para a série, eles parecem mais proeminentes e perturbadores em Reckoning of New York.

No aspecto visual, o jogo mantém a qualidade dos cenários, mas faz algumas escolhas questionáveis em relação à arte dos personagens. A adição de elementos de animação sutis, como mãos pairando e cabeças balançando, parece ter tido o efeito oposto ao desejado, criando uma sensação de estranheza ao invés de vida.

Talvez a decepção mais significativa para muitos fãs seja a trilha sonora. Shadows of New York foi aclamado por sua música atmosférica e memorável, composta pela banda Resina. Em contraste, a trilha sonora de Reckoning of New York é descrita como genérica e esquecível, falhando em capturar a essência gótica e opressiva do World of Darkness.

É importante notar que o jogo oferece uma segunda campanha jogável, com um protagonista diferente chamado Pádraic. Há esperança de que esta campanha possa redimir algumas das falhas percebidas na história de Kali. No entanto, baseado na experiência inicial, muitos fãs já expressam desapontamento com a direção geral tomada por este capítulo final.

O caso de Reckoning of New York levanta questões interessantes sobre as dificuldades de manter a qualidade ao longo de uma série, especialmente em um gênero tão dependente de narrativa como as visual novels. É um lembrete de como elementos aparentemente pequenos – o tom de um diálogo, a sutileza de uma trilha sonora – podem ter um impacto significativo na experiência geral do jogador.

Para os fãs de Vampire: The Masquerade, e particularmente aqueles que se apaixonaram pelos jogos anteriores da Draw Distance, Reckoning of New York representa uma conclusão agridoce para a trilogia. Embora ainda possa oferecer momentos de interesse para os devotos do World of Darkness, parece falhar em capturar a magia que tornou seus predecessores tão memoráveis.

A recepção mista de Reckoning of New York não diminui necessariamente o impacto que a trilogia como um todo teve no cenário dos jogos baseados em Vampire: The Masquerade. Coteries e especialmente Shadows of New York permanecem como exemplos fortes de como capturar a essência do World of Darkness em formato de visual novel.

Olhando para o futuro, será interessante ver como a Draw Distance e outros desenvolvedores abordarão o rico universo de Vampire: The Masquerade. A demanda por histórias ambientadas neste mundo claramente existe, e há lições valiosas a serem aprendidas tanto com os sucessos quanto com as falhas desta trilogia.

Para os jogadores que ainda não experimentaram Reckoning of New York, pode valer a pena abordá-lo com expectativas ajustadas. Embora possa não atingir as alturas de seus predecessores, ainda oferece uma oportunidade de mergulhar mais uma vez no fascinante mundo dos vampiros de New York.

Em última análise, Reckoning of New York serve como um lembrete da delicada arte de contar histórias no mundo dos jogos. Capturar e manter a atmosfera certa, criar personagens cativantes e entregar uma narrativa envolvente são desafios significativos, especialmente quando se trata de concluir uma série amada. Enquanto este capítulo final pode ter tropeçado em alguns aspectos, a trilogia como um todo permanece como uma interessante exploração do potencial narrativo do universo de Vampire: The Masquerade.

Por Rafael "Peleh"

Eu sou o Rafael, também conhecido como Peleh. Já vi de tudo no mundo dos games, por isso sou eu quem cuida das notícias e análises de games aqui no Steamaníacos!

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