Wild Bastards e sua proposta inovadora

Wild Bastards

Wild Bastards, a aguardada sequência do roguelike em primeira pessoa Void Bastards, lançado em 2019, está prestes a redefinir os padrões do gênero. Como um veterano no universo dos jogos, confesso que meu ceticismo inicial foi rapidamente substituído por uma curiosidade genuína ao me aprofundar nos detalhes desta produção da Blue Manchu.

A premissa do jogo é, no mínimo, intrigante. Inspirado nos clássicos filmes de faroeste sobre grupos de foras da lei, como “Os Sete Magníficos”, Wild Bastards enfrentou um desafio significativo: como recriar a dinâmica de uma equipe em um jogo single-player de tiro em primeira pessoa, sem recorrer à frustrante IA de companheiros?

A solução encontrada pela equipe de desenvolvimento é tão elegante quanto ousada. Jonathan Chey, diretor de design da Blue Manchu e veterano da Irrational Games e Looking Glass, explica: “Focamos no mecanismo de troca. Queríamos um grupo trabalhando junto, mas sem a IA controlando seus companheiros. Como fazer isso? Foi então que nos concentramos na mecânica de troca.”

O resultado é um sistema que permite aos jogadores alternar instantaneamente entre dois dos 13 heróis disponíveis em cada nível da campanha roguelike. Esta mecânica não se limita a uma simples troca de personagens; ela envolve o gerenciamento estratégico de pools de saúde distintos, buffs, opções de movimento e habilidades especiais únicas.

Na prática, a experiência se assemelha a poder alternar entre dois heróis de Overwatch em tempo real, criando um potencial quase ilimitado para combinações e estratégias emergentes. É uma abordagem que promete trazer frescor e profundidade estratégica a um gênero que, por vezes, pode se tornar previsível.

Diferentemente de Void Bastards, que enfatizava a evasão e a improvisação em combate, Wild Bastards abraça uma fantasia de poder baseada na sinergia entre habilidades especiais. Chey compara a mecânica ao “one-two punch” de Bioshock, onde o jogador podia atordoar inimigos com eletricidade e então finalizar com tiros. Em Wild Bastards, essa estratégia é elevada a novos patamares, permitindo combinações como incendiar inimigos com um personagem e trocar rapidamente para outro especializado em dano direto.

A variedade de personagens é impressionante, cada um com suas peculiaridades e funções específicas. Desde Smoky, o homem em chamas, até The Judge, um atirador de elite, passando por Hopalong, uma cobra com laço especializada em controle de multidões, e Spider Rosa, uma aranha pistoleira com habilidade de criar señuelos. A diversidade não apenas adiciona profundidade estratégica, mas também cria um elenco memorável e único.

Ben Lee, diretor criativo da Blue Manchu, enfatiza que não existe um “melhor fora da lei”. Cada personagem brilha em situações específicas, mas pode encontrar dificuldades contra certos tipos de inimigos. Esta abordagem incentiva os jogadores a diversificarem suas escolhas e pensarem estrategicamente sobre as combinações de personagens.

É interessante notar como alguns personagens, inicialmente vistos com ceticismo pela comunidade, podem se revelar cruciais em certas situações. Hopalong, por exemplo, foi considerado fraco por alguns jogadores durante as prévias, mas tanto Chey quanto Lee defendem seu potencial, especialmente contra inimigos poderosos e resistentes.

No outro extremo do espectro, temos Sarge, um cavalo ciborgue bípede que, apesar de sua aparência excêntrica, representa uma opção mais tradicional em termos de jogabilidade. Equipado com um rifle de alavanca e um escudo de energia, Sarge é descrito como um personagem versátil, ideal para as fases avançadas do jogo.

A narrativa de Wild Bastards também merece destaque. Lee revela que todos os personagens são seres não humanos, refletindo temas de ostracismo, perseguição e exploração. Esta abordagem não apenas adiciona profundidade ao universo do jogo, mas também cria uma conexão emocional com o elenco diversificado de personagens.

Aprecio jogos que oferecem desafios intelectuais e estratégicos, sem recorrer a violência gratuita ou temas inadequados. Wild Bastards parece equilibrar perfeitamente a ação frenética com uma camada de estratégia que exige reflexão e planejamento, tornando-o uma opção interessante para jogadores maduros que buscam experiências mais elaboradas.

Wild Bastards está programado para ser lançado em 12 de setembro, e já está disponível para inclusão na lista de desejos no Steam. Para os entusiastas de jogos roguelike e FPS que anseiam por inovação, este título promete ser uma adição refrescante e desafiadora ao gênero. Resta saber se a execução final estará à altura de sua ambiciosa proposta.

Por Rafael "Peleh"

Eu sou o Rafael, também conhecido como Peleh. Já vi de tudo no mundo dos games, por isso sou eu quem cuida das notícias e análises de games aqui no Steamaníacos!

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