Uma década após os eventos de Arcadia Bay, Max Caulfield retorna em Life is Strange: Double Exposure. Agora professora universitária e artista residente, ela tenta deixar seu passado traumático para trás, mantendo distância até mesmo de seus pais. No entanto, quando sua nova amiga Safiya é encontrada morta, seus poderes retornam – desta vez permitindo que ela navegue entre duas diferentes linhas temporais.

Nova Vida, Velhos Traumas

Double Exposure estabelece um novo cenário na Universidade Caledon, onde Max construiu um novo círculo social com Safiya, filha da reitora, e Moses, um astrofísico recém-formado. O jogo mantém elementos familiares da série: amizades interrompidas, professores suspeitos e sociedades secretas, mas adiciona uma dinâmica diferente com Max agora adulta.

Poderes Renovados

O novo poder de Max permite alternar entre duas realidades: uma linha temporal quente e acolhedora onde Safiya vive, e outra fria e sombria onde a universidade lamenta sua perda. Esta mecânica gera puzzles interessantes, especialmente no Capítulo 2, onde você precisa transportar itens entre as dimensões e usar posicionamento estratégico para evitar detecção.

No entanto, o jogo subutiliza este potencial nos capítulos posteriores, simplificando a mecânica para meras conversas entre linhas temporais. A indicação sonora dos pontos de transição também incomoda, com um ruído agudo que pode causar desconforto durante sessões prolongadas.

Narrativa e Personagens

O desenvolvimento dos personagens é um ponto forte, com destaque para Safiya, interpretada brilhantemente por Olivia AbiAssi. A representação bissexual é mais evidente nesta sequência, oferecendo opções de romance mais equilibradas que no original.

A forma como o jogo aborda o trauma de Max dos eventos do primeiro jogo é especialmente bem executada, com flashbacks pontuais e referências que não sobrecarregam a narrativa atual. Double Exposure consegue manter um equilíbrio delicado entre homenagear seu predecessor e construir sua própria identidade.

Desafios Técnicos

O jogo apresenta problemas significativos na mixagem de áudio, com variações drásticas de volume entre cenas e diálogos. Conversas ambientais importantes para a construção do mundo podem passar despercebidas devido ao baixo volume, enquanto cutscenes chegam a saturar o áudio.

Potencial Inexplorado

Apesar de apresentar conceitos interessantes e momentos de tensão genuína, Double Exposure frequentemente deixa suas ideias mais intrigantes sem desenvolvimento adequado. Personagens promissores desaparecem abruptamente, e implicações interessantes sobre manipulação temporal são abandonadas, aparentemente guardadas para uma possível sequência.

Life is Strange: Double Exposure é um retorno nostálgico que, mesmo com suas falhas, consegue manter o jogador interessado em explorar cada canto de seu mundo e descobrir cada conversa paralela. A maturidade da protagonista e sua jornada pessoal ressoam especialmente com fãs que cresceram junto com a série, mesmo que o jogo não alcance totalmente seu potencial narrativo e mecânico.