Music Drive – Pancadaria de rua, batida pesada e aquele gostinho de fita cassete indie

Music Drive: Chase the Beat
Ano: 2025
Gênero: Jogos de Corrida
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★
Music Drive

Se você cresceu jogando em fliperamas ou teve um PlayStation 1 em casa, tem grandes chances de Music Drive: Chase the Beat te dar um soco de nostalgia logo nos primeiros segundos. Mas diferente de muitos retrô genéricos por aí, esse aqui não só entende a estética dos anos 90 como abraça ela com vontade. É como se um CD pirata de Virtua Cop, Crazy Taxi e Need for Speed tivesse sido prensado por um desenvolvedor indie no porão — e, honestamente, isso é um baita elogio.

No comando da dupla Tina e Tunner, você mergulha num mundo onde dirigir é sua arma e a trilha sonora é sua munição. A proposta é simples de explicar e gostosa de jogar: Tina dirige, Tunner atira (sozinho), e vocês precisam recuperar fitas cassete roubadas enquanto fogem de todo tipo de veículo surtado na estrada. Tem perseguição, tem entrega, tem pancadaria, tudo embalado por uma trilha sonora hip-hop com sabor de underground. O rapper brasileiro NP Vocal dá o tom com beats sujos e letras afiadas — e olha, a música aqui não é só pano de fundo, ela pulsa junto com a ação, como se a cada curva fosse preciso acertar o timing da batida.

A mecânica é dividida em duas fases por missão. Na primeira, o objetivo é perseguir o carro que está com a fita e eliminar os lacaios — já que você não atira, seu papel é guiar com precisão e manter a mira de Tunner ativa. Derrubou todo mundo? A fita cai. Na segunda parte, você precisa entregar essa preciosidade ao ponto final sem explodir o carro no caminho. Parece simples? É, mas é aí que mora o vício. Porque tudo se encaixa: os efeitos sonoros, o clima noturno, as explosões estilizadas, os drift exagerados… cada run vira quase uma performance de palco.

Music Drive

Agora, não espere profundidade de simulação. A IA dos inimigos é mais agressiva do que inteligente, e o combate é totalmente automatizado — o que não agrada todo mundo, claro. Quem gosta de controle total pode estranhar não poder puxar o gatilho. Mas a ideia aqui é outra: é sobre sentir a adrenalina de uma fuga ao som de um beat poderoso, e deixar o tiroteio correr enquanto você desvia, acelera, e faz aquele zig-zag entre caminhões.

E o visual? Cara, que delícia de jogo feio. Music Drive é feio com orgulho, com aquele 3D low-poly tão típico da era PS1, cheio de serrilhados e texturas chapadas. As animações são rígidas, os modelos são toscos, e tudo isso contribui pra vibe “piratão de feira” que dá personalidade ao jogo. E tem até filtro opcional pra deixar tudo mais pixelado, caso você queira a experiência completa. É como assistir uma fita VHS riscada às duas da manhã — desconfortável, mas viciante.

As missões duram pouco, e dá pra zerar o jogo em cerca de uma hora. Mas ele não foi feito pra ser longo. Ele foi feito pra ser rejogado. Cada run te dá grana pra comprar carros novos, armas diferentes e melhorar o desempenho do veículo. O sistema de “ódio” dos inimigos também sobe conforme você avança — é tipo um medidor de estrelas do GTA — e quando bate cinco estrelas, o caos é total. Dá até pra subornar a gangue pra baixar o nível, o que traz uma camada estratégica engraçada. Só que, mesmo com tudo isso, não dá pra negar: o grind é real. Se quiser desbloquear tudo, vai repetir as fases várias vezes. Mas sabe o que é louco? Isso não cansa. Porque o ritmo é rápido, a batida é forte e o jogo é curto o bastante pra caber num intervalo entre compromissos. Ele não exige, ele te chama de volta.

E nem tudo são flores, claro. Os menus são meio duros, confusos e com feedback visual fraco. Às vezes, você não sabe se clicou ou não. E falta variação: muitas pistas se repetem, e os cenários são simples demais — seria incrível ter rotas alternativas, mais obstáculos, talvez até clima dinâmico. Outra crítica que vi (e concordo) é que o jogo poderia explorar melhor o universo em que está inserido. A ambientação pede mais profundidade, mais contexto — por enquanto, a história é só um pano de fundo estiloso.

Music Drive

Mas mesmo com essas falhas, o que fica é a vibe. Music Drive é estilo. É identidade. É uma carta de amor aos tempos em que jogos eram estranhos, experimentais e ousavam mais no feeling do que na técnica. E isso vale muito. Ele tem alma, e isso falta em muito projeto grandioso por aí.

Vale a pena?

Se você gosta de jogos rápidos, com estética retrô, trilha sonora marcante e aquele clima de fliperama sujo, Music Drive: Chase the Beat vai te conquistar. Ele não é um jogo longo, nem um jogo técnico, mas é um jogo com alma. E numa época em que tudo tenta ser o próximo épico de 300 horas, é refrescante ter algo que só quer te entreter por 60 minutos com estilo e barulho. Curto, direto e cheio de atitude. Dá pra zerar, sair suado, e ainda querer mais uma rodada. Pode apostar que, se você curte correr ouvindo batida boa, vai terminar esse jogo com vontade de sair dirigindo pela cidade ouvindo rap na caixa de som.

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Por Leo "Blade"

Sou o Leo, geralmente jogo com o nick blade95. Sou apaixonado por jogos de FPS e amo montar PC Gamer! Aqui no Steamaníacos cuido de tudo sobre Hardware, review, preview, testes e novidades para o nosso mundo gamer!

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