Entre sussurros e velas: investiguei The Séance of Blake Manor e quero te levar para essa noite de aparições agora
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Cheguei a Blake Manor numa noite que cheirava a sal e parafina, duas madrugadas antes do grande ritual, com um caderno vazio e uma pergunta que ardia no bolso: para onde foi Evelyn Deane, e por que todo mundo finge saber menos do que sabe, já que cada corredor guarda murmúrios que não pertencem só aos vivos e cada porta range como se quisesse confidenciar algo que ainda não mereço ouvir, o que me empurrou a mapear rostos, passos e silêncios antes que o tempo me traísse.
Assumo o papel de Declan Ward, investigador privado com faro para gente que mente bonito, e logo entendo a regra de ouro do lugar: nada acontece por acaso e tudo acontece no horário, porque existe um relógio interior regendo palestras sobre espiritualismo, encontros às escondidas e pequenas rotas de fuga, e se não estiver no salão certo quando as taças tilintam, perco o fio que amarra duas pistas distantes e deixo escapar a confissão que quase escorreu da borda do copo.
Essa pressão dá sabor às conversas, que não são apenas árvores de diálogo, mas duelos de paciência emoldurados por olhares que evitam a lâmina da verdade, e para atravessar essa névoa eu juntei dedos de conversa à poeira dos quartos, ligando manchas em lençóis a histórias de luto e vício, como quem monta um retrato com pedaços de vidro, porque cada fragmento dói um pouco quando se encaixa, e mesmo assim eu continuo pressionando para ouvir o estalo do encaixe.
Quando tudo ameaça virar ruído, entra um recurso precioso: a mente como tabuleiro, onde conecto nomes, locais, motivos e horários em diagramas que respiram junto com a investigação, permitindo que eu brinque de arquiteto da dúvida e construa pontes entre eventos que juravam não se conhecer, e foi ali que percebi que Blake Manor é menos um cenário e mais um organismo, pulsando com segredos que só se revelam a quem aceita perder um atalho para ganhar uma janela.
Essa janela se abre com uma arte que mistura realismo ilustrado e sombras grossas, recortando rostos como se fossem gravuras achadas em um volume antigo, e por isso os ambientes contam histórias sem pedir permissão, desde o jardim meticulosamente alinhado até a biblioteca que respira mofo e histórias roubadas, o tipo de lugar que faz você encostar a mão na lombada de um livro e sentir um frio que não vem do vento, chamando seu passo para dentro.
Empurrado por essa estética de fantasma educado, sigo aprendendo a ouvir o que a casa sussurra: um quadro deslocado, uma vela que queima rápido demais, a marca de uma bota com pressa, detalhes que se somam quando comparo depoimentos e percebo que alguns hóspedes carregam mundos, línguas e feridas que não ficaram na porta, e é nesse cruzamento entre o particular e o coletivo que o mistério estica a espinha e pede respeito.
Em dado momento, percebo que a investigação dialoga com algo mais antigo que a própria mansão: mitos que atravessam mares, rituais importados como troféus e crenças dobradas até ranger, e a história encontra força quando lembra que fantasmas também podem ser feitos de culpa, conquista e apagamento, o que muda a forma como observo cada amuleto sobre a mesa e cada entalhe nas molduras, porque ali não mora apenas o susto, mora um passado que pede ser desenterrado sem luvas.
No controle das mãos, tudo responde com firmeza: caminhar em primeira pessoa e explorar os ambientes traz o tato da madeira gasta, enquanto o ritmo dos diálogos e das investigações respeita minha curiosidade sem me soltar do cabresto do relógio, e o resultado é um compasso que alterna contemplação e urgência, fazendo com que uma tarde examinando um quarto termine numa corrida contra o próprio minuto que ameaça fechar uma conversa crucial no salão.
Claro que nem toda pista chega polida, e foi aí que senti o prazer de outra camada: os momentos em que precisei assumir o risco de estar errado, apostar numa interpretação diante de dados imperfeitos e aceitar que um encontro perdido muda o desenho das horas, algo que doeu nas primeiras tentativas, mas que depois virou combustível para novas rotas, porque a investigação pulsa mais forte quando percebo que a casa não vai se dobrar à minha agenda.
E então a noite do ritual se aproxima, e eu já conheço os passos pelo tapete e o chiado do fogo nas lareiras, mas desconheço o que os convidados escondem sob o verniz do sobrenatural, e é nessa borda que o jogo me ganhou por completo, quando o pretenso espetáculo místico vira espelho rachado que devolve o rosto de quem se senta à mesa, mostrando que as perguntas que trouxe no bolso tinham um peso que eu ainda não estava pronto para medir, mas que agora carrego sem querer voltar atrás.
Fechando o caderno, saio de Blake Manor com a sensação de ter vivido uma investigação que respeita inteligência, tempo e memória, com estética marcante, personagens densos e um sistema de dedução que não segura minha mão, e talvez por isso as pegadas que deixei nos corredores continuem vivas, pedindo que eu volte para ver o que muda quando estou em outro lugar na hora exata, porque numa casa assim a verdade não se revela, ela é conquistada.
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