Backseat Drivers — dirigir virando meme com a galera no banco de trás

Backseat Drivers
Ano: 2025
Gênero: Jogos Cooperativos
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
Backseat Drivers

Eu entrei achando que seria “Mario Kart com reunião de condomínio”, e não tá tão longe. A ideia é simples e cruel: alguém dirige, os outros opinam. E a graça aparece no segundo em que a gente tenta ser sério. Eu no volante, dois amigos no Discord. Um abriu o mapa e disse “vira à esquerda já”; o outro: “não, segura, era a próxima”. Em três segundos eu estava entre duas pistas, o carro sambando, rindo de desespero. Foi a primeira noite inteira: equilibrar o que eu vejo com o que eles veem, e aceitar que comunicação ruim vale mais que volante ruim.

A dinâmica muda muito conforme quem fala. Com amigo “engenheiro”, o rolê vira logística: “mantém 60, farol abre em 5, vai pela faixa do meio, depois entra no túnel”. Com amigo “agente do caos”, a graça é abraçar o improviso: “confia, corta aqui, tem atalho”. E o jogo sabe provocar os dois estilos: um trecho pede disciplina (curvas cega, caminhão lento na frente, blitz que você não quer bater), outro pede ousadia (desvio por terra, passagem estreita que parece impossível até não ser). Quando o time acerta o tom, dá aquela sensação deliciosa de “banda afinada”: freio na hora certa, seta que realmente avisa, ultrapassagem que parece manobra de filme… e um monte de “boa, boa, boa!” pelo chat.

Mas a melhor parte é quando dá errado. Teve uma prova em que meu copiloto jurou que o Waze da vida sinalizava saída 4, eu já na 3, e, por algum milagre, o carro escapou por um buraco de guard-rail que parecia fake. A gente virou lenda naquele grupo. Em outra, eu interpretei “segue reto” como “ignora o retorno”, e fomos parar num desvio de obra que transformou o carro num pinball entre cones. Não tem raiva; tem autópsia. “Eu falei baixa velocidade!” “Tu falou ‘baixa a viso…’ e o resto cortou, irmão.” Aí você ajusta: define códigos simples, tipo “seta = muda faixa já”, “pinga = freia”, “cachorro = perigo no acostamento”. Parece jogar CS com call de entrada, só que o bombsite é a rotatória.

Joguei uma parte no sofá e outra online. No sofá é superior, sem discussão: ver dedo apontando, ler expressão, dividir risada ao vivo. Online funciona bem também, com voz em tempo real e pouca latência, mas é outra vibe — você se apoia mais no minimapa e no HUD. No PC, eu preferi controle pra volante/analógico e teclado/mouse pra quem está de navegador, clicando e marcando. O jogo é tranquilão tecnicamente: travei a 60 fps, cortei bloom e granulação pra ler melhor placas e setas, e raramente vi a taxa cair mesmo com chuva e movimento na tela. Em ultrawide, ver mais da estrada ajuda a antecipar decisão; só cuida pra não virar turista do cenário enquanto alguém grita “saída à direita AGORA”.

A curva de aprendizado é engraçada: você acha que dirigir é o difícil, mas é falar que é. O copiloto bom não narra tudo; ele seleciona. Ele aprende seu tempo de reação e te dá o comando meio segundo antes. E ele tem humildade pra dizer “não sei, escolhe tu, mantenha a calma”. Quando cai a ficha, a tripulação vira um organismo. Eu peguei gosto por “fechar os olhos” (metaforicamente) em trechos críticos e confiar na call: pisa suave, troca de faixa, alinha com a sombra do viaduto, segura, agora. É um gelo na barriga que rende história.

Tem modos mais relax e outros de suar a mão. Os relax geralmente pedem entrega com tempo folgado, mas a cidade apronta: semáforo troll, pedestre indeciso, um caminhão que resolve dormir na sua frente. Nessa hora, a disputa vira de ego contra ego: “dá pra caber?” “não dá.” “dá, confia.” Aí você volta pra base com carro inteiro e amizade um pouco arranhada — do jeito bom. Os mais tensos são os que te jogam em tráfego pesado, evento aleatório e objetivo curto; não adianta ser herói, tem que ser calmo. O jogo foi esperto em sempre oferecer uma rota “segura” escondida: ruazinha lateral, retorno cedo, faixa de ônibus liberada naquele horário. Descobrir isso no grito é ouro.

A parte de humor é inevitável. A IA dos NPCs às vezes é mais “humana” do que deveria: um motorista para no nada e cria efeito sanfona, uma motoca aparece do nada em ângulo improvável. Em vez de irritar, isso alimenta as histórias. Vira bordão: “olha o Padrinho do caótico à esquerda, cuidado.” E as bronquinhas internas começam: “parou de usar seta, né?” “saiu do personagem, virou taxista.” A dublagem (quando aparece) e os efeitos ajudam sem roubar a cena: buzina com tom específico, Waze da zoeira, trilha que sobe quando a corrida “engrena”. Nada over.

Nem tudo é perfeito. Em alguns mapas, a sinalização visual pesa pro lado de “estética” e menos de legibilidade: placa pequena demais, cor da faixa parecida com o asfalto molhado, e você perde uma entrada que deveria estar mais clara. Em outros, a câmera te trai por um segundo em cruzamentos muito fechados. Aconteceu duas ou três vezes; ajustei contraste, baixei alguns efeitos e melhorou. Outra: a diversão depende do grupo. Sozinho, a experiência cai — dá pra jogar, mas metade do charme é a comunicação (e a confusão) compartilhada. Com gente tímida, vale combinar regra de call antes.

O que me segurou, no fim, foi o meta social. A gente começou a criar desafios internos: “chegar sem frear”, “fazer o percurso todo só com call de seta”, “copiloto não pode dizer direita/esquerda, só ‘sol’ e ‘sombra’”. O jogo aguenta essa brincadeira porque a base é sólida. O feedback do carro é bom, o mapa responde, as físicas têm aquele exagero gostoso que te pune sem humilhar. Quando acerta, você termina a corrida com a mão suada e a cara doendo de rir.

Se vale a pena? Se você tem pelo menos um amigo disposto a virar voz na sua cabeça, sim — forte sim. Backseat Drivers é daquelas experiências que parecem pequenas num trailer e gigantes numa call de madrugada. Ele testa paciência, timing e a beleza de errar junto. E quando você cruza a última avenida, pega a saída certa e estaciona sem riscar o carro, o brinde não é moeda ou loot… é o silêncio de cinco segundos do grupo, seguido de “MEU DEUS, DEU CERTO”.

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Por Leo "Blade"

Sou o Leo, geralmente jogo com o nick blade95. Sou apaixonado por jogos de FPS e amo montar PC Gamer! Aqui no Steamaníacos cuido de tudo sobre Hardware, review, preview, testes e novidades para o nosso mundo gamer!